Adolescentes do PR eram forçadas a produzir até 20 conteúdos sexuais por dia sob ameaças do pai e da madrasta

Duas adolescentes, de 14 e 16 anos, eram mantidas sob um rígido esquema de coerção pelo próprio pai e pela madrasta, que impunham uma meta diária de produção de até 20 vídeos de conteúdo sexual. O sistema de abuso, descrito pelo delegado Gabriel Fontana como com “linguagem de seita”, era mantido por meio de ameaças e mensagens de tom místico.

De acordo com as investigações e conversas obtidas pela polícia, os suspeitos faziam cobranças constantes, determinando que as meninas tinham apenas uma hora para cumprir o que chamavam de “acordo diário”, com prazo final até as 22h. Caso não obedecessem, eram ameaçadas com a divulgação ampla das imagens.

A madrasta foi presa na última quinta-feira (21), em Curitiba. No mesmo dia, uma segunda mulher, suspeita de ter ligação com números de telefone usados para solicitar e divulgar as imagens, foi detida em Cerro Azul. O pai das jovens permanece foragido. Os nomes dos investigados não foram divulgados para preservar a identidade das vítimas, irmãs que moram com a mãe. Apenas a adolescente de 16 anos é filha biológica do homem foragido.

O delegado Fontana relatou que o crime começou em outubro de 2024. Durante um passeio em um parque de Curitiba, o pai vendeou as adolescentes e as levou para sua casa. Lá, com a ajuda da então esposa, gravou os primeiros vídeos íntimos das vítimas.

A partir desse momento, iniciou-se um regime de chantagem. O caso veio à tona em fevereiro deste ano, quando a mãe das adolescentes começou a receber ameaças de divulgação dos vídeos, enviadas pelo próprio suspeito. A crueldade do esquema teve consequências diretas: uma das vítimas perdeu o emprego após um dos conteúdos ser divulgado.

A polícia investiga a hipótese de que o material produzido sob coerção era comercializado em redes criminosas especializadas em exploração sexual infantojuvenil.

Os investigados respondem pelos crimes de coação, divulgação e armazenamento de imagens de exploração sexual de menores, associação criminosa e ameaça. As duas mulheres presas já prestaram depoimento e a polícia segue em buscas do pai foragido e apurando possíveis outros envolvidos no esquema.