Alexandra Salete Dougokenski foi considerada culpada pela morte do filho, Rafael Mateus Winques. A decisão foi divulgada no fim da noite de quarta-feira (18/01), após o terceiro dia de julgamento no Salão do Júri da Comarca de Planalto. A defesa informou que irá recorrer.
A juíza Marilene Parizotto Campagna leu a sentença já perto da meia-noite, confirmando a condenação a 30 anos e 2 meses de prisão, com regime inicial fechado. Dessa pena, 28 anos são por homicídio com 4 qualificadoras (motivo torpe, motivo fútil, asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima). Alexandra foi condenada também por ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual.
A criança foi morta em maio de 2020. Rafael Mateus Winques tinha 11 anos. O menino foi considerado desaparecido e, durante as buscas, Alexandra chegou a dar uma entrevista a TV pedindo ajuda para encontrar o filho. Dias depois, confessou o crime, indicando o local onde teria escondido o corpo e dando detalhes de como teria procedido.
Durante a fase da sustentação da acusação no júri do caso Rafael, os promotores de Justiça afastaram a versão indicada por ela de que o pai matou o filho, apontando que o homem não estava na cidade no período. Também apontaram cinco versões diferentes que ela apresentou para o assassinato ao longo das investigações. O promotor de Justiça Diogo Gomes Taborda indicou que houve “premeditação” no caso, afirmando que Alexandra aproveitou que o namorado, Delair, não dormiria na casa naquela noite para cometer o crime.
Ele também relatou como o corpo do menino foi colocado na caixa. E falou sobre a versão dela de que o pai matou Rafael, apontando ser esta mais uma mentira “sádica” da ré.
Após, o promotor de Justiça Marcelo Tubino Vieira destacou que a dose da medicação dada a Rafael causava sono, mas não o suficiente para matar. “Ela sufocou o menino em vida. Alexandra teve nas suas mãos o destino e o futuro de uma criança que deveria cuidar”, disse, pedindo aos jurados a condenação da ré pelos crimes.
Houve a sustentação da defesa da ré, feita pelo advogado Jean Severo. Ele afirmou que Alexandra foi criticada por ser mãe rígida e organizada, criticada por manter a casa limpa e “que puxava pelos filhos”, destacando não haver motivação para ela cometer o crime. “Se encontraram motivação, condenem, mas não há”, afirmou. De acordo com ele, Alexandra foi constrangida pela polícia a assumir em interrogatório a responsabilidade pelo crime e que, conforme ela lhe relatou, quiseram forçá-la a dizer que quis matar o menino.
Ele pediu a absolvição de Alexandra, destacando não haver um histórico de agressões por parte dela contra o menino. Ele ainda afirmou que a absolvição é uma oportunidade de Alexandra “reconstruir a vida do filho”, apontando para Anderson Dougokenski, irmão mais velho de Rafael, hoje com 19 anos.
Jean Severo também falou sobre Rodrigo, indicando conteúdos do celular dele e apontando crimes que o pai do menino teria cometido. O advogado também mencionou a quantidade de celulares que o pai teria e afirmou que não houve a devida perícia nos aparelhos. “Uma absolvição dela vai forçar a Polícia a investigar o pai”, afirmou o defensor, destacando que Rodrigo estava em Planalto na época do crime.
Após pausa de 15 minutos, no início da noite, houve a réplica por parte da acusação e a tréplica realizada pela defesa.
Ao contrário do que disse em juízo, a ré, que é acusada de quatro crimes, homicídio qualificado, ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual, afirmou que o ex-marido Rodrigo Winques esteve em sua residência na madrugada do crime. Ela acusou o ex-marido da morte do filho e o chamou de assassino.
Segundo a ré, os delegados teriam insistido para que ele desconstituísse os advogados de defesa. Ao falar do relacionamento de 11 anos com Rodrigo, Alexandra disse que viveu um casamento abusivo e relatou ocasiões em que foi agredida com socos pelo ex-companheiro.
Fonte: Correio do Povo;
Fotos: MPRS -Imprensa Médio Uruguai;
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