Médico busca aprovação em residência na área de coloproctologia no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Arguição curricular será realizada presencialmente em 4 de janeiro
O médico Leandro Boldrini, condenado a 31 anos e oito meses de prisão pela morte do filho Bernardo, foi convocado a participar da etapa final do processo seletivo de um programa de residência médica no Rio Grande do Sul. Ele participou de prova teórico-objetiva em 19 de novembro, quando já havia retornado ao regime semiaberto no Presídio Regional de Santa Maria, e conquistou pontuação suficiente para a nova fase da seleção.
Rodrigo Grecelle Vares, um dos advogados que representa Boldrini, disse ao g1 na noite desta sexta-feira (22) que ainda não conversou com seu cliente e ainda não sabe dizer se ele vai participar da etapa presencial do processo seletivo.
De acordo com a pontuação dos classificados à residência em coloproctologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), à qual o g1 teve acesso, Boldrini conquistou 57 pontos na prova teórico-objetiva organizada pela Associação Médica Brasileira e pela Associação Médica do Rio Grande do Sul, a Prova AMB/AMRIGS. Assim, ficou na última posição entre os 13 convocados para a arguição curricular, ou seja, uma entrevista, marcada para a tarde de 4 de janeiro.
O exame realizado por Boldrini englobava 100 questões que abordavam as cinco grandes áreas de conhecimento da Medicina: Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, e Saúde da Família. Essa etapa corresponde a 9 dos 10 pontos que compõem a pontuação final dos concorrentes. A fase de arguição curricular a 0,5 pontos, acompanhados de 0,5 pontos do currículo em si.
De acordo com o edital do Processo Seletivo Público do Hospital da UFSM para Médicos Residentes/2024, apenas uma vaga será destinada a residentes em coloproctologia. O resultado final será divulgado em 11 de janeiro, segundo o cronograma apresentado no documento. As atividades dos residentes iniciam em 1º de março de 2024 e a residência em coloproctologia tem duração de dois anos.
O menino Bernardo foi morto em abril de 2014, aos 11 anos, após receber uma superdosagem de sedativo. Além de Leandro Boldrini, foram condenados pelo crime a madrasta do menino, uma amiga dela e o irmão da amiga. Todos foram condenados por homicídio em 2019. No entanto, a sentença de Leandro, considerado mentor do assassinato pelo Ministério Público, foi anulada pelo Tribunal de Justiça em 2021.
Em março de 2023, Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
Preso desde 2014, ele atingiu o requisito de tempo previsto para passar do regime fechado para o semiaberto. Ele cumpriu dois quintos da pena, por isso, alcançou o direito à progressão, já que trabalhou desde o início. Boldrini atuava na cozinha do presídio em que estava.
Em julho, ele foi beneficiado pelo uso de tornozeleira eletrônica em razão da falta de vagas no sistema prisional. Conforme a juíza responsável pela decisão, a medida acompanhou o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em setembro, ele passou a cumprir a pena em Santa Maria, ainda com a tornozeleira. O processo foi redistribuído da 1ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre para a Vara de Execução Criminal Regional de Santa Maria. Com a mudança de endereço, o novo órgão ficou responsável por dar sequência ao cumprimento das condições até então fixadas.
Leandro Boldrini obteve progressão de regime em julho. Com isso, passou a cumprir a pena no semiaberto. Ele havia sido beneficiado pelo uso de tornozeleira eletrônica em razão da falta de vagas no sistema prisional na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Boldrini está vivendo em Santa Maria há cerca de três meses. Trata-se do mesmo município em que estão enterrados os corpos do menino Bernardo Uglione Boldrini e da mãe dele, Odilaine Uglione.
Fonte: G1
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