Crise argentina deve impactar economia do RS

Sendo o país vizinho um importante parceiro comercial do Rio Grande do Sul, os setores da indústria, dos serviços e do agronegócio deverão ser afetados.

Segundo o economista Gustavo Inacio de Moraes, professor da Escola de Negócios da PUCRS, os produtos brasileiros terão menos espaço na Argentina, em razão da perda de poder de compra das famílias e das empresas, o que deve ser sentido entre três ou quatro meses. 

“A desvalorização do câmbio já vem ocorrendo, mas em função do cenário político, ganhou peso”, disse. Reflexo do avanço do candidato ultraliberal Javier Milei nas eleições primárias na Argentina, o Peso teve desvalorização de 18,3%, passando de 298,50 na sexta (11/08), a 365,50 na segunda-feira (14/08).

Outra consequência é que os produtos de origem argentina ficarão mais baratos que os locais, aumentando a competição com a indústria gaúcha. O setor de serviços também pode ter redução. “Podemos prever que muitos brasileiros passem férias na Argentina ao invés de optar por um destino brasileiro”, observou o economista.

O agronegócio também deve ser influenciado fortemente, segundo o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz. O efeito esperado é de aumento das exportações de produtos como carnes, vinhos e, principalmente, leite do país vizinho para o Brasil. Para a pecuária leiteira, essa perspectiva é preocupante, porque o setor já vem sendo prejudicado pelo aumento das compras externas de países do Mercosul, que teve um salto de 211,8% na comparação com o mesmo período de 2022. No caso de grãos, como arroz e trigo, o impacto deverá ser reduzido porque a Argentina enfrentou uma estiagem muito severa, o que limitou sua oferta.

Fonte: Correio do Povo;