Além da soja, outra cultura que deve registrar produção recorde no Rio Grande do Sul é a noz-pecã. Conforme informações da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e Emater/RS-Ascar, o Estado deverá alcançar a marca de 4.500 toneladas em 2021, número superior ao valor histórico alcançado em 2019, quando foram colhidas 4 mil toneladas do produto.
Segundo a Seapdr, o maior produtor do Brasil está no Estado, o município de Cachoeira do Sul/RS, com mais de 1.000 hectares plantados, e onde está localizado o maior pomar privado da América latina, com 700 hectares. Na região Norte a cultura tem ganhado adeptos, inclusive pelo valor agregado do fruto, que apresenta diversas funcionalidades à saúde humana e é muito requisitado em dietas e receitas.
Em Sarandi/RS, cultura ganha destaque como renda agrícola
Segundo a Emater/RS-Ascar, o município conta com 52 hectares destinados à cultura. Por lá, a maioria das áreas estão iniciando a sua estabilidade produtiva – pomares que foram implantados entre 8 a 11 anos atrás.
Filho de agricultores, Anacleto Bortolini, 66 anos, mesmo morando na cidade, sempre gostou de estar perto do campo. Uma das formas que ele encontrou para isso foi transformar uma área interiorana de cinco hectares herdada pela família – e que até então estava ociosa – em um pomar de noz-pecã.
– Na época que plantei as primeiras mudas [320 mudas plantadas há mais de 10 anos] não tinha muito conhecimento técnico sobre a cultura disponível. Pude acompanhar o surgimento de insetos e doenças prejudiciais à noz-pecã que antes nunca tinham se ouvido falar, então sem produto adequado, o manejo de controle também era difícil. Mas, atualmente, o cenário é diferente, enxergaram o valor deste alimento para o mercado e já há manejos específicos para ter uma produção de qualidade – enfatiza seu Bortolini.
Classificada por ele como uma fonte de renda agrícola viável, o pecanicultor incentiva o investimento no pomar aos produtores rurais que têm áreas pequenas ociosas. Ele comercializa sua produção para uma indústria e também faz a venda direta no local. Para esta safra, considerando que seu pomar ainda é jovem, seu Bortolini estima colher até 6 toneladas no local.
– São plantas que gostam de sol e são resistentes ao clima seco. Atingem o seu pico reprodutivo após os dez anos, então é um investimento de longo prazo. Pensando em seu rendimento, uma produção que atinge 2.200 kg, em que é comercializada a R$ 11,00/kg, média de preço praticado atualmente, a renda bruta seria de quase R$ 25 mil, então acredito que seja uma alternativa de renda viável aos produtores – analisa Bortolini reforça que hoje, se fosse investir em novo um pomar, optaria por um distanciamento de plantas maior de 12 metros e na variedade Barton, que apresenta maior resistência às doenças e produz um fruto de maior qualidade ao mercado.
Ainda conforme o pecanicultor, o período de maio e junho, que coincide com o fim da colheita – realizada nos meses de março e abril –, é propício para semear a cobertura de solo. Para isso, ele utiliza espécies como aveia ou ervilhaca. “A adubação, a correção da fertilidade do solo são muito importantes para garantir uma boa produção”, frisa Bortolini.
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