Hospitais do norte gaúcho alertam sobre possível falta de insulina

Preocupação surgiu depois que fornecedor comunicou risco de desabastecimento

Hospitais do norte gaúcho estão em alerta para a possível falta de insulina para pacientes diabéticos. A preocupação surgiu depois que um fornecedor comunicou a indisponibilidade dos produtos.

Com estoque estimado para duas semanas, o Hospital de Clínicas de Carazinho (HCC) manifestou preocupação diante da perspectiva de falta de insulina. Conforme o diretor técnico da unidade, Darlan Martins Lara, a falta pode agravar quadros e aumentar internações.

— Como vamos lidar com a descompensação (incapacidade de o organismo restabelecer o equilíbrio físico) glicêmica nos pacientes que já estão internados? A falta para pessoas que utilizam ambulatoriamente vai produzir a descompensação de muita gente, o que pode resultar num incremento de internações. Contatamos o Estado para pedir uma orientação do que fazer — disse.

Em Passo Fundo, a perspectiva de falta afetou os hospitais da cidade. No caso do Hospital de Clínicas, a unidade informou que planejou seu estoque e implementou alterações na dispensação visando o uso racional. Já o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) informou que a questão do abastecimento preocupa o setor, embora ainda não registre falta de insulina.

À reportagem, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) disse que cada hospital é responsável pela aquisição de seus medicamentos padronizados, incluindo a insulina. Também não compete à Assistência Farmacêutica do Estado dar orientações sobre compra de medicamentos aos hospitais e farmácias. 

Em julho, um alerta do Conselho Federal de Farmácia (CFF) apontava para a indisponibilidade das insulinas humanas regular e insulina NPH na Farmácia Popular e na rede de farmácias para o tratamento de diabetes.

A origem do problema

Esse alerta veio após um comunicado da farmacêutica Novo Nordisk, informando a falta do insumo de apresentação em frasco. A empresa justificou a medida citando mudanças em seu portfólio devido aos desafios globais na cadeia de suprimentos de medicamentos, que afetam diretamente o fornecimento de insulinas mundialmente.

Questionada, a empresa disse em nota que, no caso do fornecimento para hospitais, a Novo Nordisk tem analisado cada pedido de compra, buscando sempre que possível atender às demandas. A previsão é que o problema perdure até outubro.

Sobre o fornecimento de insulinas para o Sistema Público de Saúde (SUS), a companhia disse que não há problemas e que todas as suas entregas programadas seguem sendo feitas normalmente, de acordo com os contratos e quantitativos acordados com o governo em licitação.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que as insulinas humanas NPH e Regular e agulhas para caneta de insulina fazem parte do Componente Básico da Assistência Farmacêutica e são adquiridos e distribuídos pelo ministério, cabendo aos estados e municípios a programação e a dispensação.

A pasta afirma ainda que tem feito esforços “em manter seu compromisso de abastecer e entregar os quantitativos aprovados às Secretarias Estaduais de Saúde”.

Notas na íntegra

Novo Nordisk

“A Novo Nordisk, líder global em saúde, esclarece que, diante de um cenário global desafiador de aumento de demanda e intermitência dos insumos, desde o mês de julho a companhia tem tratado da indisponibilidade no fornecimento para os hospitais público e privado dos medicamentos Novolin®️ R (insulina regular) e Novolin®️ N (insulina NPH, de ação prolongada), ambos com apresentação em frasco, com previsão de perdurar pelo próximo trimestre de 2024.

É importante destacar que esta restrição não tem relação com qualquer problema de qualidade ou segurança do produto.

No caso do fornecimento para hospitais, a Novo Nordisk informa que tem analisado cada pedido de compra, buscando sempre que possível atender às demandas.

Sobre o fornecimento de insulinas para o Sistema Público de Saúde (SUS), a companhia informa que não há problemas e que todas as suas entregas programadas seguem sendo feitas normalmente (incluindo algumas antecipações), de acordo com os contratos e quantitativos acordados com o governo”. 

Ministério da Saúde

“O Ministério da Saúde informa que atualmente disponibiliza a insulina análoga de ação rápida no âmbito do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica do SUS e que o fornecimento está regular em todo o país, assim como as insulinas de NPH e Regular.

As insulinas humanas NPH e Regular e agulhas para caneta de insulina fazem parte do Componente Básico da Assistência Farmacêutica e são adquiridos e distribuídos por este Ministério, cabendo aos estados, municípios e Distrito Federal a programação e a dispensação.

A pasta tem envidado esforços em manter seu compromisso de abastecer e entregar os quantitativos aprovados às Secretarias Estaduais de Saúde e Distrito Federal em sua integralidade. Esses medicamentos também são ofertados pelo Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB) que atua de forma complementar à assistência farmacêutica do SUS, ou seja, a maior parte dos usuários dessas insulinas são atendidos na Rede Pública de Saúde.

O Farmácia Popular atua por intermédio de uma parceria com as farmácias da rede privada que recebem um ressarcimento das dispensações que são efetuadas, com base nos valores de referência estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Vale ressaltar que esses estabelecimentos têm autonomia para definir os produtos em estoque de acordo com a demanda e negociação com os seus fornecedores”. 

Fonte: GZH