Jair e Eduardo Bolsonaro são indiciados pela Polícia Federal em investigação sobre coação e ataques ao Estado Democrático

A Polícia Federal indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro pelos crimes de coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Segundo o relatório de 170 páginas elaborado pela corporação, pai e filho teriam atuado para interferir em uma ação penal relacionada à chamada trama golpista, da qual Jair Bolsonaro já é réu.

O documento foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), e à Procuradoria-Geral da República (PGR). A partir de agora, cabe ao Ministério Público decidir se apresenta denúncia à Justiça. Caso a denúncia seja aceita, ambos se tornam réus e passam a ser julgados.

A investigação que resultou no indiciamento foi aberta em maio e não se confunde com o processo principal sobre a tentativa de ruptura democrática entre 2022 e 2023. De acordo com a PF, diálogos extraídos de aparelhos eletrônicos são as principais provas que embasam a apuração.

O relatório aponta que Jair e Eduardo Bolsonaro discutiram possíveis formas de pressionar o Judiciário e o Legislativo, incluindo a tentativa de influenciar votações sobre anistia a investigados pelos atos de 8 de janeiro. Também consta no documento a informação de que Bolsonaro teria cogitado pedir asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei.

A investigação cita ainda o envolvimento do general Braga Netto e trocas de mensagens entre Bolsonaro e aliados, além da atuação do pastor Silas Malafaia, descrito como um dos articuladores de estratégias de coação e difusão de narrativas contra o Supremo Tribunal Federal.