Médicos revisam indicação do omeprazol e alertam para riscos do uso contínuo

Por anos, o omeprazol foi considerado um remédio inofensivo e virou parte da rotina de muitos brasileiros para aliviar azia e queimação. No entanto, médicos e pesquisadores têm revisto essa percepção e alertam: o medicamento, embora eficaz, não deve ser usado de forma contínua sem orientação médica.

O omeprazol pertence ao grupo dos inibidores de bomba de prótons (IBPs) — que inclui também pantoprazol, esomeprazol e lansoprazol — e revolucionou o tratamento de doenças gástricas. Ainda assim, especialistas reforçam que o uso prolongado deve ser exceção, não regra.

A mudança na avaliação médica começou há cerca de dez anos, após estudos sugerirem uma possível relação entre o uso crônico desses medicamentos e casos de demência. Pesquisas mais recentes apontam que o consumo contínuo pode reduzir a absorção de nutrientes essenciais, como ferro, cálcio e vitamina B12.

Profissionais da saúde também alertam para o chamado “efeito rebote”, quando a suspensão abrupta do remédio faz o organismo produzir ainda mais ácido do que antes. A recomendação é diminuir a dose gradualmente e, se necessário, utilizar antiácidos comuns, como o hidróxido de magnésio ou de alumínio, nos primeiros dias após a interrupção.

Embora seja indispensável em alguns casos, os médicos reforçam que mudanças de hábitos, como evitar refeições pesadas à noite e reduzir o consumo de álcool e café, podem diminuir ou até eliminar a necessidade do uso do omeprazol.