Mulheres rurais são destaque em projeto de leite no município de Rondinha

“Mulheres do Saber, do Ser e do Leite”, este é o projeto inédito iniciado no município de Rondinha com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da autonomia e empoderamento das mulheres nas atividades produtivas do meio rural, em especial na bovinocultura de leite, estimulando a valoração do trabalho, acesso a políticas públicas e novas tecnologias para qualificação e ergonomia no trabalho, visando a melhoria do bem-estar e qualidade de vida no campo.

O projeto, iniciativa da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), foi elaborado pelas extensionistas rurais de Rondinha e contará com o apoio da Prefeitura, Secretarias Municipais da Agricultura, Obras, Assistência Social, Educação, Inspetoria Veterinária e Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Este primeiro projeto será desenvolvido com agricultoras moradoras das comunidades da Linha Lajeado Seco Caravágeo, Lajeado Seco Santa Lúcia, Linha Cachoeira Branca, Araçá São Brás e Linha Visconde. Ao todo, 21 agricultoras do município participarão dessa primeira ação.

“A bovinocultura leiteira, segunda maior atividade desenvolvida em Rondinha, instigou a realização desse projeto, pela importância econômica e social que tem, assim como pela significativa participação das mulheres na atividade. O projeto ‘Mulheres do Saber, do Ser e do Leite’ foi elaborado a partir do diagnóstico 2021, realizado pela Emater nos meses de abril, maio, junho e julho. No diagnóstico, analisamos a participação das mulheres no gerenciamento da propriedade rural, as dificuldades e os potenciais da atividade leiteira, entre outras questões. As abordagens da pesquisa foram de natureza qualitativa, extraindo aspectos sociais, comportamentos humanos, experiências individuais e de natureza quantitativa para obtenção de dados gerais”, explicou a extensionista rural da Emater/RS-Ascar Josiane Bianchi.

Segundo os promotores, o projeto tem como finalidade a valoração da identidade feminina, das tarefas diárias, das manifestações socioculturais, da satisfação pessoal, maior interação/relação familiar/empreendimento, aprimoramento no gerenciamento, ergonomia no trabalho, aumento da renda, questões que contribuem no bem-estar e qualidade de vida.

No que se refere à participação das mulheres na atividade leiteira, o estudo evidenciou que 99% delas participam ativamente do processo produtivo, na tarefa da ordenha de forma exclusiva, e 90% das mulheres desempenham as tarefas relacionadas à higienização das instalações e equipamentos. As atividades relacionadas ao manejo do solo, aquisição de insumos, plantio das culturas anuais, piqueteamento, contratação de profissionais técnicos, gerenciamento da propriedade com acesso às políticas públicas, em especial aos créditos rurais, comercialização da produção de leite, entre outras, são atribuídas 100% aos homens. A pesquisa também mostrou que, além das tarefas realizadas pelas mulheres na atividade leiteira, a jornada de trabalho se prolonga durante todo o dia com os afazeres domésticos, cuidado da casa e da alimentação. Uma carga horária média de 15 horas diárias.

“A divisão sexual de trabalho encontrada no meio rural demonstra que as mulheres rurais ocupam uma posição subordinada e que seu trabalho tem pouco reconhecimento. Na divisão social as mulheres, além das atividades compartilhadas com os homens na lavoura, têm também a responsabilidade exclusiva de administrar a esfera doméstica, tornando sua jornada de trabalho diária ainda maior. Essa pesquisa contribuiu para análise e suscitou reflexões importantes. O processo estudado evidencia a importância de promoção de políticas públicas que viabilizem condições igualitárias entre mulheres e homens, rompendo com as situações que configuram desigualdades de gênero. O projeto pretende que o meio rural seja visto como espaço de transformação e desenvolvimento, sendo a bovinocultura de leite uma atividade que possa ser desenvolvida com prazer, valoração, dedicação e com menos penosidade”, destacou a extensionista rural Zuleica de Abreu.

Diante desse cenário, na perspectiva da promoção da igualdade de gêneros, da valorização e reconhecimento do papel de cada integrante na propriedade rural, especialmente das mulheres, surgiu o projeto, que busca também incluir as mulheres na participação dos grupos, estimulando a autonomia, autoestima e autoconfiança. “Com isso, queremos identificar e analisar a participação das mulheres, suas aspirações e/ou dificuldades no desenvolvimento da atividade leiteira e nas mais diversas tarefas diárias, intensificar a disponibilidade de políticas públicas de assistência técnica rural e social na bovinocultura de leite, além de oportunizar formas organizativas que estimulem o debate sobre a importância das mulheres no contexto familiar, bem como na unidade produtiva, criando com o grupo ferramentas que possam fomentar o protagonismo das mulheres, a inclusão no processo de gerenciamento e tomada de decisão dos investimentos nas propriedades”, completou a extensionista Josiane.

Dando início ao projeto, nesta quinta-feira (19/08), será realizado o primeiro Dia de Campo com o grupo de agricultoras participantes da ação. O foco da atividade será o manejo forrageiro e a gestão ambiental. O dia de campo será realizado na propriedade dos agricultores Cleci e Euclides Ozelame, na Linha Visconde, interior de Rondinha. Além de orientações técnicas, durante a atividade serão apresentadas informações sobre a Campanha Municipal de Coleta de embalagens de medicamentos veterinários, o destino correto dos dejetos do rebanho e também sobre linhas especiais de crédito rural para mulheres.

Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar – Regional de Frederico Westphalen